quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)

HISTÓRICO

A história do Instituto de Aeronáutica e Espaço tem sua origem na década de 50, com a criação, em 1o de janeiro de 1954, do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento – IPD no campus do então Centro Técnico de Aeronáutica – CTA.
O CTA nasceu de uma idéia visionária de Santos Dumont, há mais de meio século, que foi transformada em um plano simples, lógico e de longo prazo, conduzido com tenacidade e sob a liderança do então Tenente-Coronel Casimiro Montenegro Filho.
Ao escrever sua obra “O que eu vi. O que nós veremos”, em 1918, Santos Dumont preconizava que, ao invés de enviar jovens ao exterior para estudar ciências aeronáuticas, o Brasil deveria criar sua própria escola, trazendo do exterior os especialistas necessários. Ainda de acordo com os escritos do patrono da aviação brasileira os alunos deveriam ficar alojados próximo à escola.

Montenegro liderou um grupo de idealistas que acreditava ser possível dotar o Brasil de uma efetiva capacitação aeronáutica. Naquela época, esse era um desafio enorme, pois o Brasil era um país agrícola sem tradição industrial, que importava até mesmo as bicicletas que utilizava.
O fim da Segunda Guerra Mundial, com o consequente processo de reconstrução de uma nova ordem política e econômica mundial, atrelado ao idealismo de Montenegro e das autoridades aeronáuticas, sob o comando do Ministro da Aeronáutica Salgado Filho, criou a oportunidade de se atrair grandes pesquisadores do cenário internacional para o País.

Foi então que, em novembro de 1945, após visita de Montenegro a Bases Aéreas Americanas e ao Massachussets Institute of Technology (MIT), foi criado o “Plano Smith”, assim chamado por ter sido concebido pelo Prof. Richard H. Smith, do Departamento de Engenharia Aeronáutica do MIT.
O “Plano Smith” estabelecia a criação de um Centro Técnico que seria constituído por dois Institutos coordenados e tecnicamente autônomos – um para o ensino técnico superior e outro para pesquisa e cooperação com a indústria de construção aeronáutica, com a aviação militar e com a aviação comercial. Ainda segundo a concepção do Plano, quando nos laboratórios houvesse produtos com potencial de comercialização, seriam fundadas empresas.

Estabelecida a escola de engenharia aeronáutica (o Instituto Tecnológico de Aeronáutica –ITA), não tardou para que fosse criada uma instituição capaz de transformar as teorias aprendidas no ITA em prática. Surgiu, então, em 1954, o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento - IPD, que já pôde contar com engenheiros formados no ITA.
O objetivo do IPD era a realização de pesquisas e desenvolvimento em aeronáutica, eletrônica, materiais, sistemas e equipamentos especiais para aviação. Foi no IPD que surgiu o projeto do avião Bandeirante que, em 1969, permitiu a criação da Embraer, do planador Urupema e do avião agrícola Ipanema.

Efetivou-se então, caso primeiro na história da indústria nacional, não só a transferência para a EMBRAER da tecnologia adquirida pelo IPD no desenvolvimento de projetos de aviões, como também a cessão de toda a sua equipe de técnicos, pessoal de administração e da quase totalidade do acervo da sua Divisão de Aeronaves e parcelas menores de outras Divisões do Instituto, dando à nova empresa imediata capacitação técnica e organizacional e permitindo que a mesma assumisse, de pronto, sua posição como organização produtiva e pudesse rapidamente tornar-se o centro de consolidação no desenvolvimento da indústria aeronáutica nacional.
Paris, 1906: pessoas assistem admiradas ao primeiro voo do 14 Bis, o mais pesado que o ar. São José dos Campos, 1968: outra terra, outro tempo, outros olhos vislumbram com semelhante admiração o primeiro voo do Bandeirante
Outro feito magnífico do IPD foi o desenvolvimento do motor automotivo a álcool, solução brasileira para a crise do petróleo que se instaurava no País na década de 70.
Paralelamente aos avanços na área aeronáutica, o advento da corrida espacial, travada entre as superpotências do pós-guerra, fez com que a Sociedade Interplanetária Brasileira – SIB solicitasse ao Presidente da República, em 1961, a criação de um Conselho Nacional de Pesquisas e Desenvolvimento Espacial e, desta forma, em 03 de agosto daquele mesmo ano, foi criado o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais - GOCNAE, subordinado ao Conselho Nacional de Pesquisas - CNPq, sendo a escolha natural para sua sede a cidade de São José dos Campos.

Nesse mesmo ano (1961), o Ministério da Aeronáutica, formalizou o seu interesse pela área espacial, visando o desenvolvimento de pequenos foguetes de sondagem meteorológica para a Força Aérea. Coube então ao IPD, por meio de sua Divisão de Atividades Espaciais (PAE), a realização de pesquisas e desenvolvimento neste campo.
Em 1963, objetivando concretizar a intenção da Aeronáutica de se dedicar às pesquisas espaciais, foi criado um grupo, vinculado ao Estado Maior da Aeronáutica (EMAER), que mais tarde, em 1966, tornaria-se no GETEPE - Grupo Executivo e de Trabalhos e Estudos de Projetos Especiais. Os trabalhos iniciais desse grupo foram dedicados ao planejamento de implantação do então Centro de Lançamento de Foguetes da Barreira do Inferno – CLFBI (atual CLBI), sediado próximo à cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.
                                                                                                             VLS-1 V01
A partir de então, técnicos civis e militares da Aeronáutica receberam treinamento nos EUA, o que lhes permitiu o lançamento de foguetes americanos e canadenses a partir do recém-criado Centro de Lançamento. A inauguração do CLBI se deu em outubro de 1965, e o primeiro lançamento ocorreu em dezembro daquele ano, com o foguete americano Nike Apache. Foi também na época do GETEPE que, juntamente com a empresa Avibrás, foi desenvolvido o primeiro foguete de sondagem nacional, o Sonda I, cujo lançamento inaugural ocorreu em 1967. Foi ainda no GETEPE que nasceu o projeto do foguete de sondagem Sonda II.
Ao atingir, em curto prazo, etapa relativa e substancialmente avançada no campo espacial, considerou-se o momento como oportuno e conveniente para realizar o seu desdobramento da organização do IPD. Assim, em 17 de outubro de 1969, foi dado início ao que seria o Instituto de Atividades Espaciais (IAE), cujo núcleo só foi ativado em 20 de agosto de 1971, constituído do pessoal e instalações do GETEPE e da Divisão de Atividades Espaciais do IPD. A portaria de criação do IAE extinguiu o GETEPE e passou o CLBI à subordinação do Instituto de Atividades Espaciais.
Um grande feito do Instituto de Atividades Espaciais foi o desenvolvimento da família de foguetes de sondagem Sonda que permitiu ao País o domínio das tecnologias necessárias para o projeto de um Veículo Lançador de Satélites.
Em 1970 ocorreu o primeiro lançamento bem sucedido do foguete de sondagem Sonda II. Em 1976 foi lançado o primeiro foguete Sonda III e em 1984, o primeiro foguete Sonda IV, todos eles desenvolvidos no IAE e lançados a partir da Barreira do Inferno.
                                                                                                                 VLS-1 V02
Em 1979 foi concebida a Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), que objetivava a construção de satélites nacionais de coleta de dados e de sensoriamento remoto, lançados por veículos nacionais a partir do território brasileiro. O custo estimado, para a missão, na época, era de 900 milhões de dólares, com previsão de conclusão em 1989. Ao Instituto Nacional de Atividades Espaciais- INPE coube a construção dos satélites, enquanto a Aeronáutica ficou responsável pela construção do Veículo Lançador de Satélites (VLS), por meio do IAE, e pela construção do Centro de Lançamento de Alcântara - CLA, uma vez que o CLBI não comportava o lançamento de um foguete do porte de um VLS.
Os 30 anos decorridos entre o lançamento do Sonda I (1967) e do primeiro protótipo do VLS-1 (1997) revelam o extraordinário esforço conduzido pelo IAE no campo espacial. Enquanto o Sonda I possuía 3,90 m de comprimento, o VLS-1 possui 20 metros. A massa do Sonda I era de 54 kg, o que permitia alcançar a altitude de 70 km. O VLS-1 possui massa de 50.000 kg e alcance de 750 km de altitude atingindo a velocidade de 27.000 km/h.
                                                                                                                   VLS-1 V03
Em conjunto com o desenvolvimento espacial, foram também atribuídos ao Instituto de Atividades Espaciais, projetos na área de sistemas bélicos visando o desenvolvimento de armamento aéreo nacional para atender às necessidades da Força Aérea Brasileira. Desta forma, em 1976 foi criada no IAE, a Divisão de Sistemas Bélicos (ESB), atualmente denominada Divisão de Sistemas de Defesa (ASD).
Com o objetivo inicial de reduzir a dependência nacional do armamento aéreo importado, foram iniciados dois projetos: nacionalização das bombas de fins gerais e desenvolvimento de um míssil similar ao AIM9-B, em uso até então.
Os tempos dos pioneiros foram árduos, e a nacionalização não pode ser resumida a simples cópia: os processos de fabricação utilizados no exterior não eram adequados para uma produção em pequena escala no Brasil. Novas tecnologias tiveram que ser desenvolvidas, e ficou patente a necessidade de capacitação de recursos humanos. Em 1977 foi criado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), o Curso de Extensão em Engenharia de Armamento Aéreo (CEEAA), ministrado, desde então, em parceria com o IAE. A competência da ASD se consolidou e novos armamentos têm sido especificados e desenvolvidos com sucesso.
Em 1991, uma nova proposta de reorganização do CTA realizou a fusão do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento - IPD e do Instituto de Atividades Espaciais - IAE, criando-se, o atual Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), com a missão de “Realizar Pesquisa e Desenvolvimento no Campo Aeroespacial”.

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